Mas… E quem perdeu? Neste texto, procuro tirar a poeira dos vencidos e relembrar um dentre os dois desfiles que remaram contra a retidão militar da Imperatriz Leopoldinense em 1994. Num próximo texto, comentarei o outro. De alguma maneira, nas suas particularidades, ambos são desfiles que “aconteceram” na avenida, graças aos seus sambas poderosos e à integração dos componentes das duas escolas a eles. Não foram desfiles opulentos, mas dignos e emocionantes na sua simplicidade carnavalesca; não venceram, sequer estiveram entre os três primeiros colocados, mas honraram o delírio e a essência profana da nossa “festa da carne” – carnavale.
Um desfile que decolou a partir do enredo

Fantasias lúdicas e de fácil assimilação compuseram um conjunto harmonioso ocm um samba de qualidade e uma bateria cheia de recursos, a partir de um enredo bem desenvolvido
Nenhum desfile em 1994 conseguiu suplantar a força do samba da Tradição. Os ritmistas da então jovem agremiação de Campinho impulsionaram de tal forma o seu refrão (ou “estribilho”, seguindo o tom cortês de Haroldo Costa), que a escola faria o seu melhor desfile – ever, permitam-me – na Sapucaí. Dissidente da Portela e caçula entre as grandes, a Tradição também trazia na manga um enredo envolvente, simpático e de leitura fácil – desenvolvido pela carnavalesca Lícia Lacerda, colega de Rosa Magalhães na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O público vibrou nas arquibancadas e respondeu com entusiasmo, amparado, claro, pelo samba melodioso cantado em primeira pessoa (composição de Jajá Maravilha, Aniceto, Tonho, Sandro Maneca, Jurandir da Tradição, Jorge Makumba e Lourenço), apontado como um dos melhores do ano pela crítica musical.
Ícaro, Da Vinci, Santos Dumont, Pepê

Alegoria e alas em homenagem ao multiatleta Pepê, falecido em um acidente três anos antes
Chaves da empatia: conjunto

Alegoria pensada pela carnavalesca Lícia Lacerda
Mas como entender a empatia causada pelo desfile da escola? Para mim, ela reside em três fatores: