O Grupo Juca de estudos de arte é um coletivo formado por artistas, críticos e pesquisadores. O Juca é co-criador da série Caju Arquivo, realizada pela Revista Caju.
Este é o primeiro editorial da Caju inspirado diretamente nos autores que estão circulando entre os jovens leitores do Complexo de Favelas da Maré através do Livro Labirinto. A convite do projeto, o escritor gaúcho Daniel Galera indicou Herman Melville (1819-1891) como autor do mês de setembro, em vídeo que você pode ver clicando aqui. A escolha de Galera é salutar para os dias sombrios que temos vivido. Autor de Moby Dick, Bartleby, o escrivão e Billy Bud, entre outros livros marcantes para a literatura da virada do século XIX para o século XX, o nova-iorquino Melville é um escritor fundamental para se pensar as relações entre livre-arbítrio, hierarquia e poder, e também para entender como o desejo pode se contrapor à noção de destino. Em uma parceria entre o Grupo Juca, co-criador da série Caju Arquivo e um dos mantenedores da Caju, a revista traz o universo de Melville para um diálogo com outra linguagem artística: a pintura de William Turner. A artista Maria Mattos, uma das integrantes do Juca, traduziu um extrato do catálogo da exposição Turner’s Whaling Pictures, realizada pelo Metropolitan Museum, em Nova York, no ano passado.
No trecho traduzido por Maria, a curadora da mostra, Alison Hokanson, do Departamento de Pinturas Europeias do museu, evidencia as possíveis influências que as quatro pinturas de baleias e baleeiros feitas por Turner podem ter tido no americano Melville. Criadas e expostas em duplas, nos anos de 1845 e 1846, as telas foram recebidas com reservas pela crítica inglesa, que não conseguia entender completamente a liberdade com que o pintor tratava a pincelada, tão violentamente solta que poderia tornar o tema obscuro, cobrindo com um véu opaco um aspecto tão importante para um meio de arte ainda bastante encoleirado pelos motivos acadêmicos. O escritor norte-americano publicou aquele que se tornaria postumamente seu livro mais notável em 1851, meses depois da morte de Turner.
Melville foi a Londres em 1849 e, embora não haja provas de que foi visitar as pinturas do pintor inglês, há, nas descrições que faz dos baleeiros e das condições atmosféricas enfrentadas pelo barco Pequod e seu tripulantes, muito das cenas criadas por Turner, não apenas nas quatro telas diretamente ligadas à pesca das baleias, mas também a outras tempestades e naufrágios, obsessões do artista. Hokanson descreve as pinturas em detalhes:
“O olho é inteiramente transportado por uma espécie de magia indistinta e harmoniosa, onde parecemos concordar com o abandono completo da verdade sólida e real da natureza, permitindo que navios escuros sejam amarelo-cromo, baleias rosa-brilhantes, seres humanos como raios de sol e de lua, e pequenas manchas grossas de tinta etéreas nuvens. Assim como na farsa temos o pseudo-médico, aqui esquecemos a aparência real das coisas e confessamos que o Sr. Turner transformou tudo isso de uma maneira extraordinária. As pinturas podem não ter sido vendidas, mas certamente tiveram impacto sobre os observadores”, diz a curadora.
No trecho abaixo, além da comparação com a obra de Melville, a curadora traça uma espécie de genealogia do tema do mar e da baleia na pintura e na literatura do século XIX. Na mostra do Metropolitan, além das quatro pinturas de Turner, foram apresentadas inúmeras aquarelas e desenhos do artista, anotações e livros da biblioteca de Melville e fotografias de caças à baleia na época em que livro e pinturas foram realizados. Se por um lado Turner pode ter influenciado Melville, certamente Moby Dick inspirou outros artistas. Assim, obras de Rockwell Kent, Frank Stella e Jackson Pollock também foram incluídas na exposição. Vamos ao texto da curadoria:
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Hoje, o conjunto da caça à baleia traz imediatamente à mente outra obra de ambição visionária do século XIX: Moby Dick ou The whale (A baleia), de Herman Melville, publicado na América e na Grã-Bretanha em 1851 poucos meses antes da morte de Turner. Muitas conexões podem ser feitas entre as pinturas de Turner e a grande obra do escritor americano. Os dois homens foram claramente atraídos para o desafio de elevar o trabalho sujo da caça à baleia em um compromisso heróico.
Como Melville (1819-1891) confiou a um amigo e colega escritor, o advogado Richard Henry Dana Jr., em uma carta de 1º de maio de 1850, “a gordura é a gordura entre a pele e o músculo que você conhece, embora você possa extrair o óleo, a poesia escorre tão dura como a seiva de uma árvore de bordo congelada, e para preparar isso, é preciso elaborar um pouco, que pela natureza da coisa deve ser tão desajeitado quanto os pinotes e saltos das próprias baleias. No entanto, apesar disso , quero dizer a verdade”.
Confronto épico entre a humanidade e a natureza
Turner e Melville extraíram ambos temas semelhantes da caça à baleia: um confronto épico entre a humanidade e a natureza; a arrogância da humanidade, que leva à vitória e à tragédia; e os múltiplos estados de espírito e percepções do oceano. O artista e o escritor também viam as baleias e seu habitat no oceano profundo como manifestações do sublime. Algumas das imagens que os dois empregaram para evocar o espetáculo maravilhoso da natureza eram comuns: efeitos dramáticos de água e luz, condições de tempo ameaçadoras e navios em dificuldade. Outros motivos eram mais fora do comum: a brancura penetrante (a cor dominante dos dois Whalers de Turner e da baleia em Moby Dick); mares e céus turbulentos; e uma confiança na imprecisão e na incompletude para transmitir o poder indescritível da natureza.
Críticos de Melville compararam, mesmo ocasionalmente, seu estilo com o de Turner. Que Turner e Melville compartilhavam uma sensibilidade parecida não é surpreendente dado que ambos eram artistas da era romântica. No entanto, é tentador saber se esse parentesco criativo e filosófico era mais profundo e mais consciente. Aqui, entra-se no mundo da especulação, mas há evidências, embora inconclusivas, de sugerir que os paralelos nas obras de Turner e Melville não são simplesmente fortuitos e acidentais.
Em outubro de 1849, Melville, um ex-caçador de baleias e marinheiro com uma carreira em ascensão como autor de contos marinhos, embarcou em sua primeira visita a Londres e ao continente europeu. O objetivo principal da viagem foi encontrar um editor britânico para o White jacket, seu livro sobre a Marinha dos Estados Unidos. Melville estava intensamente interessado nas artes visuais e na teoria estética e, enquanto esteve no exterior, aproveitou a oportunidade para visitar vários museus e galerias. Esta foi a primeira vez que ele entrou em contato tão profundamente com os grandes mestres da pintura e com a arte europeia contemporânea.
O escritor retornou a Nova York em fevereiro de 1850. Em abril, ele pegou emprestados na New York Society Library dois livros sobre a caça à baleia escritos por William Scoresby, e pediu ao seu editor o texto de Thomas Beale A história natural dos cachalotes, no qual é adicionado um esboço de uma viagem à baleeira do Mar do Sul (Londres: John Van Voorst, 1839). O texto chegou naquele verão, quando Melville formulou o primeiro rascunho do que se tornaria Moby Dick.
‘Os quadros de Turner foram sugeridos por este livro aqui’
Em uma das primeiras páginas do livro de Beale, Melville escreveu a data, 10 de julho de 1850. Provavelmente, ao mesmo tempo, ele escreveu a frase “Os quadros de Turner foram sugeridos por este livro aqui”. Esta é uma das primeiras de muitas anotações que Melville fez em sua cópia do livro, que foi uma referência crítica para Moby Dick. Isso confirma que Melville estava ciente das cenas baleeiras de Turner, e também sabia que estas cenas tinham sido inspiradas pelo conto de Beale e que ele considerou o fato importante o suficiente para anotar.
O resultado que este conhecimento teve sobre Moby Dick está aberto ao debate. A afinidade mais convincente do livro com as pinturas baleeiras é uma passagem chave no capítulo 3, que prefigura o enredo, bem como o estilo desafiador de Melville, cheio de digressões, rumores e episódios surpreendentes. A passagem também enfatiza um ponto central do livro: a impossibilidade de compreender plenamente a natureza da baleia cachalote. O narrador, Ismael, está procurando um lugar para se hospedar em New Bedford, Massachusets e tropeça na Estalagem do Jato:
Entrando pelo frontão da Estalagem do Jato, chegava-se a um vestíbulo espaçoso, baixo e estranho, com lambris antiquados, que lembrava a amurada de uma velha embarcação condenada. De um lado pendia um enorme quadro a óleo, tão inteiramente manchado de fumaça e tão apagado, que, pelas luzes cruzadas e desiguais em que era visto, só depois de uma análise minuciosa e uma série de visitas sistemáticas, além de uma cuidadosa pesquisa com os vizinhos, se poderia chegar a alguma compreensão de sua proposta. Havia um volume tão grande de tons e sombras inexplicáveis que, a princípio, quase se podia achar que um jovem artista ambicioso, da época das bruxas da Nova Inglaterra, tinha tentado desenhar o caos sob feitiço. Mas à força de muita e séria contemplação, meditação exaustiva, e, especialmente, abrindo a janelinha no fundo da recepção, chegava-se enfim à conclusão de que, ainda que exagerada, tal ideia não era de todo injustificada. Mas o que mais intrigava e confundia era a massa alongada, difusa e negra de uma coisa que pairava no centro do quadro, por sobre três linhas azuis, indistintas e perpendiculares, que flutuava numa espuma indefinível. Um quadro verdadeiramente molhado, enlameado e alagado, capaz de perturbar um homem doente dos nervos. Contudo, havia nele uma espécie de sublimidade indefinida, incompleta, inimaginável, que congelava sua atenção, até que involuntariamente você jurasse a si mesmo desvendar o significado daquela pintura extraordinária. Vez por outra uma ideia brilhante, mas, ai, ilusória, o atingia. – É o Mar Negro, durante uma tormenta, à meia-noite. – É o combate sobrenatural dos quatro elementos da natureza. – Uma charneca arruinada. –– É uma cena do inverno hiperbóreo. – É o degelo do rio do Tempo. Mas todas essas fantasias convergiam para algo portentoso no centro do quadro. Se aquilo fosse revelado, todo o resto seria simples. Mas pare; não há uma vaga semelhança com um peixe gigantesco? Com o próprio Leviatã? De fato, segundo minha tese definitiva, baseada em parte nas opiniões conjuntas de várias pessoas idosas com quem conversei sobre o assunto, o propósito do artista parecia ser o seguinte: o quadro representa um navio no Cabo Horn em meio a um grande furacão; vêem-se apenas os três mastros destruídos de uma embarcação semi-afundada; e uma baleia exasperada, pretendendo saltar por cima do barco, aparece sob o grandioso ato de empalar-se sobre os três mastros (1).
A pintura na parede da Estalagem do Jato provavelmente teve como referência alguma informação do mundo real, já que foram identificadas muitas outras alusões pictóricas em Moby Dick. Se a fonte precisa de Melville permanece desconhecida, o trabalho de Turner é o candidato mais óbvio. Várias de suas paisagens marítimas mais tardias, mais particularmente Whalers, do Metropolitan, e as outras desse tema, poderiam caber nessa descrição de Ismael, pois nenhum outro artista de pinturas marinhas desta mesma época estava pintando nesse estilo tão nebuloso.
As oportunidades para ver as pinturas de Turner eram poucas na América do meio do século XIX. Só em 1845 o colecionador de livros e filantropo de Nova York James Lenox adquiriu Staffa,Fingal’s Cave, o primeiro óleo do artista a atravessar o Atlântico. Fort Vimleux (cerca de 1831, coleção particular), outro exemplo do estilo atmosférico de Turner, juntou-se à coleção da Lenox em 1850. Mas o acesso a sua galeria privada na 53th Avenue era limitado, e as pinturas de Turner permaneciam uma raridade nos Estados Unidos. Como opção, a maioria das pessoas conhecia seu trabalho através de reproduções, o que poderia dar apenas um sentido parcial de sua técnica inventiva. Isso se tornou mais comum após o elogio extenso de John Ruskin (1819–1900), critico de arte mais conhecido da era Vitorian, em sua publicação Modern painters – elogio esse que foi amplamente discutido nos Estados Unidos depois do lançamento do título, em 1847. Melville pode ter lido os dois primeiros volumes antes da sua viagem inicial para a Europa.
É tentador concluir que Melville deve ter visto as pinturas de caça à baleia (ou trabalhos semelhantes) durante seu tempo em Londres, mas não há provas de que ele visitou a galeria de Turner na Queen Anne Street, onde pelo menos três das quatro cenas baleeiras eram mantidas. É incerto o paradeiro da pintura baleeira do Metropolitan entre 1846 e 1851. Em Londres, Melville circulou pela National Gallery, Vernon Gallery (que exibia a coleção de arte britânica de Robert Vernon, doada à nação em 1847). Foi ainda à Hampton Court, ao British Museum, à Dulwich Picture Gallery e ao Painted Hall do Greenwich Hospital. Este passeio ofereceu-lhe a oportunidade de ver vários Turners, mas apenas um, The Prince of Orange, William III, Embarked from Holland and Landed at Torbay, November 4th, 1688, after a Stormy Passage, exemplifica a abordagem de Turner para capturar a forma e movimento do mar, e nenhum é pintado de maneira tumultuada como foi sugerido no Capitulo 3 de Moby Dick.
Melville também conheceu pessoas do círculo pessoal de Turner, entre elas vários amigos. Tomou café da manhã duas vezes com o amigo e patrono do pintor, o poeta Samuel Rogers, na casa do qual pode ver sua coleção de “pinturas magníficas”, que incluía um Turner, o Seapiece, with fishing boats of a wooden pier, a gale coming on ( data e localização atual desconhecidas). Rogers também possuía uma coleção muito boa de Gravuras de Turner. Além disso, Melville jantou duas vezes com o pintor de gênero (a pintura de gênero faz referencia as cenas que representam a vida cotidiana do mundo, do trabalho e principalmente dos espaços domésticos) e retratista Charles Robert Leslie (1794-1859), outro amigo leal de Turner, que atuou como intermediário para que Lenox adquirisse a tela Staffa, Fingal’s Cave, a primeira pintura a ser enviada, por volta de 1845, para a América do Norte.
Seria acaso Ismael ser um conhecedor de arte?
A forma que Melville usa para descrever o mar na pintura da Estalagem do Jato, como uma “levedura sem nome”, por exemplo, lembra a frase usada por Ruskin em Modern painters, quando ele compara a água espumosa do quadro Snow storm steam boat off a harbor’s mouth com “volumes enormes de levedura acumulada “. Há também comparações intrigantes entre a passagem da Estalagem do Jato e a revisão, em 1845, que Thackeray [William Makepeace Thackeray 1811–1863, escritor britânico do século XIX] fez das pinturas baleeiras de Turner, que Melville poderia ter obtido na biblioteca de dois amigos, os escritores e editores George e Evert Duyckinck. Onde Thackeray vê “uma pincelada de púrpura” que se constitui em “uma linda baleia”, Ismael vê uma “massa alongada, difusa e negra de uma coisa que pairava no centro do quadro” que se transforma em “uma baleia raivosa”. Para Thackeray, “algumas linhas em ziguezague, salpicadas na tela de forma caótica, acabam se transformando em um navio com todas as suas velas”. E, para Ismael, “por sobre três linhas azuis, indistintas e perpendiculares, que flutuava numa espuma indefinível” se torna um navio naufragando “com seus três mastros destruídos ainda visíveis “.
Embora esse tipo de semelhança dificilmente seja uma prova concreta, fica a possibilidade de que Melville chegou a uma compreensão do estilo de Turner através dos escritos de outros autores da época. Se Melville pretendeu se aproximar do trabalho de Turner, qual o objetivo em fazê-lo? Ele poderia simplesmente ter desejado prestar homenagem a um artista com quem compartilhava ideais e preocupações, porém é possível que Melville tivesse planejando algo além disso. A incursão do personagem Ismael em conhecimentos sobre arte condensa bem a experiência que os críticos de arte estavam tendo, e se debatendo com as cenas baleeiras de Turner em 1845 e 1846. Os críticos foram obrigados a aceitar as pinturas que desafiavam todas as expectativas de clareza, narrativa direta e verossimilhança, mas, no entanto, transmitiam um saber profundo sobre o assunto. Nas palavras de Thackeray, elas “vibravam entre o absurdo e o sublime”. O mesmo pode ser dito sobre Moby Dick. Muito já foi descoberto sobre o que Melville poderia ter visto, ouvido, lido e significado em relação a Turner. Existem poucas provas concretas para estabelecer o que Melville realmente sabia e como isso estruturou o seu romance.cluindo as imagens de caça à baleia, continua a ser um enigma a ser decidido pelo leitor e pelo espectador. Moby Dick não foi um sucesso estrondoso. A obra afundou em relativa obscuridade, assim como Melville também, que acabou por sustentar a si próprio e a sua família como inspetor de alfândega. Quando faleceu, em 1891, o The New York Times publicou um obituário de apenas sete linhas. A reputação de Turner era mais sólida. Quando faleceu, em 1851, o London Times o declarou um gênio e o homem mais notável que as artes britânicas já produziram. As obras em sua galeria na Queen Anne Street, incluindo três das cenas baleeiras, foram doadas em testamento para a nação onde foram para a National Gallery em Londres, que eventualmente dividiu este legado com o Tate Gallery.
A tela Whalers, do Metropolitan, passou por várias mãos ilustres na Grã-Bretanha após Joseph Hogarth vendê-la na Christie’s de Londres em 1851. Pertenceu a Frederick R. Leyland, um importante colecionador dos grandes mestres da pintura e principal patrono de Dante Gabriel Rosseti, James McNeill Whistler, de Thomas Woolner e do grupo Pré-Rafaelita de pintores britânicos. Também foi do acervo de Francis Seymour Haden, cirurgião, gravador e colecionador, agora mais conhecido por sua associação com Whistler. Haden vendeu-a ao Metropolitan em 1896. Tornou-se o segundo trabalho de Turner no museu, seguido de Saltash with the Water Ferry Cornwall, este um presente de Henry G. Marquand em 1889, sendo uma das primeiras obras do artista a entrar para uma coleção pública americana. A matéria do The New York Times sobre a aquisição da tela Whalers não foi muito positiva, expressando algumas reservas quanto à sua imprecisão, mas, de outra forma, admirava sua “originalidade na concepção … O destemor da execução e técnica resplandescente”, chamando-a de “a fantasia imprecisa e onírica de um verdadeiro poeta”.
Somente no centenário do nascimento de Melville, em 1919, o trabalho do autor obteve um grau de apreciação semelhante. A partir desse momento, no entanto, Moby Dick foi reconhecido como uma das conquistas definidoras da literatura americana.É adequado que um livro que se inspirou nas artes visuais tenha dado origem a uma infinidade de outras artes. Das ilustrações de Rockwell Kent à pintura de Jackson Pollock, Pasiphaë originalmente intitulada Moby Dick. De Frank Stella, The whale hunt série de estampas, pinturas e esculturas. Véréna Paravel e o filme Leviathan de Lucien Castaing-Taylor, filmado em 2012 nos campos de pesca da Nova Inglaterra e muitos outros.
As reflexões de Melville oferecem um claro testemunho do forte e persistente apelo artístico que o assunto sobre baleias e caça à baleia mantiveram desde os dias de Turner e dos desafios colocados pelo assunto, que ele e Turner enfrentaram com inovação e ousadia:
… o grande Leviatã é a única criatura do mundo que deverá permanecer para sempre inexprimível. De fato, um retrato pode se aproximar mais do alvo do que outro, mas nenhum pode alcançar um grau muito considerável de exatidão. Portanto, não existe um modo terreno de se saber precisamente como é uma baleia na realidade. E o único modo pelo qual se pode ter uma idéia plausível do seu perfil com vida é ir pessoalmente à pesca de baleias; mas, ao fazê-lo, corre-se um grande risco de ser destroçado e afundado para sempre por ela. Destarte, parece-me melhor não ser muito exigente em sua curiosidade em relação a este Leviatã (2).
(1) e (2) Os trechos em português dos capítulos 3 e 55 do livro Moby Dick foram retirados da edição da Cosac Naify, com tradução de Irene Hirsch e Alexandre Barbosa e Souza e complementam a tradução que Maria Mattos fez do texto do catálogo do Metropolitan Museum. Ambas as edições estão disponíveis gratuitamente on line.
O Grupo Juca de estudos de arte é um coletivo formado por artistas, críticos e pesquisadores. O Juca é co-criador da série Caju Arquivo, realizada pela Revista Caju.
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